Perguntei ao mar...

Perguntei ao mar "Como poderia amá-lo tanto?"



Sentei em frente ao mar na esperança que ele pudesse tirar de mim toda aquela dor de amar. Mas em cada onda que vinha , mais ainda meu coração naufragava em amor.
Lembrei de  Rubem Braga que em sua crônica Sobre o Amor, escreveu :
“Assim somos na paixão do amor, absurdos e tristes. Por isso nos sentimos tão felizes e livres quando deixamos de amar. Que maravilha, que liberdade sadia em poder viver a vida por nossa conta! Só quem amou muito pode sentir essa doce felicidade gratuita que faz de cada sensação nova um prazer pessoal e virgem do qual não devemos dar contas a ninguém que more no fundo de nosso peito. Sentimo-nos fortes, sólidos e tranqüilos.”
Seria necessário muita sutileza para descrever como me senti naquele momento.
Queria me desprender, queria tirá-lo dos meus pensamentos. Como poderia amá-lo tanto?Na verdade não houve nem mesmo um beijo.
Senti um aperto na garganta e os olhos úmidos. 
Perdida na imensidão do mar, eu lutava confusamente contra as lembranças de quem ainda não sei em que cidade ou país e nem ao lado de quem vive. Mas que habita no fundo da minha emoção.
Me sentia muito cansada, e uma grande amargura estava em meu coração. Descansei a minha cabeça sobre a areia e adormeci.